A influência da opinião pública era exclusiva aos media tradicionais. As redes sociais vieram alterar o paradigma, agora todos o fazem.

A influência da opinião pública era exclusiva aos media tradicionais. As redes vieram alterar o paradigma.

Hoje qualquer pessoa pode influenciar uma comunidade.

Tempo de leitura: 10 minutos

A nova era da influência da opinião pública

          Por muito tempo, a influência da opinião pública era considerada exclusiva dos meios de comunicação tradicionais, como jornais, televisão ou rádio. No entanto, as redes sociais transformaram drasticamente este paradigma, ao permitir que qualquer pessoa com acesso à internet compartilhe a sua opinião sobre um determinado tema e influencie uma audiência a nível global. 

O poder da disseminação viral

          As redes sociais abriram portas a uma fácil partilha de informação (e desinformação) a nível internacional. Ao permitir uma rápida disseminação de uma opinião ou conteúdo, transformou o conceito da palavra “viral” – palavra que antes teria uma conotação negativa – num objetivo e/ou sonho de muitos. Uma publicação com palavras, fotografias ou vídeos pode hoje tornar-se viral numa questão de horas, alcançando assim milhões de pessoas em todo o mundo. Este poder de alcance é uma das razões pelas quais as redes sociais se tornaram num veículo tão influente sobre a opinião pública contemporânea. 

A diversidade de vozes

          Antes da ascensão das redes sociais, a influência da opinião pública estava concentrada nas mãos dos poucos meios de comunicação tradicionais existentes. No entanto, as redes sociais deram voz a mais e variadas perspetivas. Agora, qualquer pessoa pode expressar a sua opinião, independentemente de seu estatuto social ou localização geográfica. 

Interação, envolvência e repercussões

          As redes sociais não são apenas um meio de divulgação. São também um espaço de interação onde os utilizadores podem comentar, partilhar, “gostar” e discutir tópicos de interesse. O nível de interação sobre um tópico significa por vezes, a aceitação, ou a não aceitação, de opiniões e/ou conteúdos por parte de um público. Mostra ainda que a opinião pública sobre um tópico, um produto ou uma marca, pode ser moldada e influenciada em tempo real e, que esta é passível de acompanhamento através da recolha de dados de leitura, tipos de interação, entre outros. 

Influenciadores e criadores de conteúdo não são farinha do mesmo saco

          É verdade que, a ascensão dos criadores de conteúdo é um exemplo notável de como as redes sociais moldaram a capacidade de influenciar a opinião pública. Estes indivíduos constroem, de forma responsável, uma base de seguidores que lhes são leais e que confiam nas suas opiniões e recomendações. Como resultado, as marcas procuram frequentemente colaborar com os mesmos para promover os seus produtos e serviços.  

          A questão levanta-se quando estes indivíduos, deixam de se focar na criação de conteúdo responsável, e passam a partilhar informação baseada nas suas crenças próprias, não suportadas cientificamente, sem provas de existência, sem qualquer fundamento ou testemunho que apoie racionalmente aquilo que procuram partilhar. Pior, é quando colocam outras pessoas em risco e de forma assumida manipulam informação factual, e a disseminam como sendo parte de uma teoria da conspiração, mentira ou calúnia desbocada e inconsciente. E a estes indivíduos, com motivos egoístas, são aqueles a quem eu prefiro chamar de influencer ou influenciadores.

Onde se delineia a diferença?

          Um criador de conteúdo, procura de forma consciente crescer a sua base de seguidores, através da produção de conteúdo informativo ou de entretenimento, destinado a um determinado público que interessa a várias marcas. Isto, de forma ética, responsável e segura, através dos meios disponíveis. 

          Alguém que procura influenciar outros como profissão e, sem uma missão maior é, por outro lado, alguém cujo interesse passa por aumentar a sua base de seguidores e o próprio ego, seja de que forma for, custe o que custar. Determinados pela capacidade de obter atenção e sem qualquer preocupação ética. São estes indivíduos que muitas vezes e de forma inconsciente, são responsáveis pela disseminação de desinformação, de ideais radicais e de opiniões profundamente perturbadoras. A sede por atenção é motivo suficiente para que cometam atos indisciplinados, desrespeitadores e sem qualquer razão de existência. E por consequência influenciam aqueles que os seguem, a fazer o mesmo.

Marketing é sobre fazer a diferença

          Deixem-me ser explicito, as marcas que procuram trabalhar com este tipo de influenciadores têm em parte culpa, pelas ações dos mesmos. 

          Portanto, se você que lê este artigo procura criar conteúdo, comece por criar algo que faça a diferença na vida de alguém. Que seja benéfico para alguém, que ajude alguém. Nem que seja a rir. Procure ter uma personalidade própria e uma mensagem que procura transmitir.  

          Por favor, não salte de uma ponte, só porque viu alguém saltar. Por favor, não engula uma colher de canela em pó só porque o/a desafiaram a fazer. Aquilo que um bom criador de conteúdo faz é criar um canal e uma via de distribuição. Não é alguém que escolhe influenciar outras pessoas a fazerem algo perigoso ou danoso a outro individuo, ou a si mesmo, em troca de atenção ou dinheiro. 

Exemplos na prática

          As redes sociais desempenham um papel fundamental no crescimento de movimentos sociais, como o #BlackLivesMatter. Estas permitiram que pessoas de todo o mundo se unissem para debater sobre a forma de atuação das forças policiais americanas. 

          As marcas dependem das redes sociais, mais do que nunca, para conseguirem promover os seus produtos e construírem uma relação com os seus clientes. O marketing de influência, através da contratação de criadores de conteúdo, tornou-se numa estratégia comum para alcançar públicos específicos, e ajudar micro-empresas a crescerem de forma gradual. 

Uma revolução contínua

          A influência da opinião pública deixou de ser exclusiva aos meios de comunicação tradicionais e estende-se agora às redes sociais. A capacidade de partilhar uma opinião, envolver um público diversificado e alcançar uma ampla audiência numa questão de segundos, era algo inimaginável há vinte anos, mas é hoje uma realidade graças às redes sociais.  

          À medida que as redes sociais continuam a evoluir e a desempenhar um papel central na comunicação global, a influência da opinião pública permanece como uma força em constante mutação. As vozes individuais têm agora um maior alcance, e nunca foi tão importante participar ativamente neste palco de forma a moldar e influenciar a opinião pública através de ações educativas e construtivas.