
A humanização, não pode ser considerada uma moda. É uma crença verdadeira
As pessoas não sobrevivem sem empresas, e as empresas não sobrevivem sem pessoas. O respeito deve de ser mútuo.
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O crescimento de um movimento
Nos últimos anos, a palavra “humanização” ganhou destaque dentro do mundo empresarial. Além de ajudar a que as empresas tenham em consideração o fator pessoal do seu funcionário e, do seu cliente, este movimento procura promover uma maior atenção e cuidado sobre fatores emocionais. Esta abordagem centrada nas pessoas não deve ser, no entanto, considerada uma moda passageira. Da mesma forma como também não deve ser encarada de forma unilateral, por parte exclusiva das empresas. Esta é uma crença verdadeira que molda diariamente a forma como as empresas interagem com os seus clientes e funcionários e, vice-versa, com base no respeito mútuo, esforço, confiança e tolerância.
O conceito de humanização
A humanização envolve a criação de conexões significativas e autênticas entre as empresas, os clientes e os funcionários. Este conceito tem como base a empatia, a compreensão das necessidades individuais e o tratamento das pessoas como seres humanos e não apenas como números de Excel.
Uma abordagem que vai além da superfície
A prática da “humanização” não se limita a pequenos gestos ou campanhas de marketing, embora estes possam ser elementos importantes. Passa também pela extensão da cultura e dos valores fundamentais de uma empresa por toda a equipa. Uma organização verdadeiramente dedicada à “humanização”, considera o bem-estar físico e emocional dos seus funcionários, assume a sua responsabilidade social e age de forma ética.
Resposta a uma necessidade humana fundamental
A necessidade de compreensão e valorização pessoal é uma característica intrínseca da natureza humana. A “humanização” responde a esta necessidade fundamental, através das empresas, ao sugerir que estas proporcionem aos seus funcionários e clientes, um ambiente onde estes se possam sentir respeitados e ouvidos. É importante referir, no entanto, que estas necessidades não irão desaparecer com a implementação de medidas de “humanização”. Estas são apenas solucionadas, através de um acompanhamento atento às preocupações e necessidades dos funcionários e clientes.
Melhoria nas relações e no desempenho
A humanização ajuda a melhorar a relação entre uma empresa, os seus clientes e os seus funcionários. Quando as pessoas se sentem valorizadas e respeitadas, tendem a ser mais leais e a assumir um maior compromisso. Isto leva a um desempenho superior por parte dos funcionários e a resultados mais positivos a longo prazo. A ideia do “amor à camisola”, não existe, se não existir o que amar. E se as pessoas passam mais tempo no local de trabalho, do que em casa – salve exceção – precisam de se sentir tão entusiasmadas pelo seu local de trabalho, como pela sua própria casa.
Por vezes, uma empresa pode até assumir uma posição de maior relevância. Se as condições que a empresa proporciona aos seus funcionários forem fisicamente mais atraentes do que aquelas que estes conseguem ter em sua casa, naturalmente, fará com que estes passem mais tempo no local de trabalho do que em casa. Isto devido a uma maior sensação de conforto.
A humanização e o teletrabalho
O teletrabalho veio solucionar, na perspetiva dos funcionários, a falta de investimento ou capacidade por parte das empresas em oferecer condições capazes de responder às prioridades dos mesmos. E isto pode, ou não, ser responsabilidade da empresa. Por vezes, pode passar também pela incapacidade para tal e, pela falta de apoios destinados ao crescimento da mesma.
As prioridades dos funcionários podem passar por ter uma secretária mais confortável, um espaço de trabalho com privacidade, uma maior capacidade de controlo sobre o seu próprio tempo, uma menor sensação de pressão social, ou até por procurar reduzir despesas de deslocação, stress, entre outros.
Na perspetiva das empresas, levantou, no entanto, uma preocupação crescente sobre a incapacidade de acompanhar regularmente os seus funcionários. Mas por outro lado, permitiu também às empresas reduzir custos energéticos.
No ponto de vista de muitas empresas, a presença no espaço de trabalho não significa apenas solucionar objetivamente o trabalho a realizar. Significa também, para estas, que os funcionários devem colocar em si mesmos, uma responsabilidade de encontrar novas soluções para problemas que muitas vezes, ainda não foram descobertos.
Reunião aqui, reunião ali. Bebam mas é um café juntos.
Na perspetiva de muitos líderes, os seus funcionários são responsáveis por encontrar soluções, quando nem os próprios líderes identificaram o problema. E este é um erro recorrente, consequente à incapacidade de gestão de todos os problemas da empresa, por parte da própria liderança.
Isto provoca uma insustentável agenda de reuniões, facilmente resolvida por um acompanhamento recorrente, mas informal, do trabalho de cada departamento. Por uma conversa numa pausa para o café, ou até num jogo de ping-pong.
Seja um líder, não um chefe. Promova uma ação voluntária e não uma obrigação.
Mas atenção, também os líderes são humanos. Talvez o problema passe pela incapacidade de reforçar equipas. Mas por vezes, passa também pela falta de compreensão para com a pressão de trabalho colocada sobre os seus funcionários.
Os funcionários não procuram reuniões para ocupar o seu tempo, ou para os obrigar a encontrar soluções. As soluções aparecem quando o ambiente é de descontração e propenso à criatividade, à inclusão e à alegria. Não pelo contrário, à opressão, repreensão, e por aí fora.
Impacto duradouro e a longo prazo
As empresas que adotam uma maior preocupação sobre a “humanização”, promovem a construção de marcas e culturas institucionais sólidas. Estas bases tornam-se mais resistentes ao fracasso, e prevalecentes no tempo. E o conceito também não é novo.
Steve Jobs, um dos fundadores da Apple, afirmava que a empresa esteve à beira da falência durante o seu desenvolvimento. Partilhava, enquanto era vivo, que mesmo após se ver incapaz de pagar o ordenado aos seus funcionários durante dois meses, estes lhe deram a mão numa altura difícil e responderam, quando questionados porque ainda continuavam trabalhar:
– “Porque acreditamos neste projeto.”
Segundo ele, a Apple não só vingou ao final do terceiro mês e pagou o valor devido aos seus funcionários como começou a crescer abruptamente ao longo do tempo. E consigo, as pessoas que nela trabalhavam.
Faça com que as pessoas com quem trabalha acreditem em si e no seu projeto. Deixe-as ajudar. Confie, e verá que também confiarão em si.
Por muito que se pense, as pessoas não são números.
Humanização não é uma moda, é uma crença verdadeira
A “humanização” não deve ser considerada uma moda, mas sim, encarada como uma crença verdadeira, capaz de moldar a forma como as empresas operam. Esta não se limita à criação de campanhas de marketing ou a práticas de gestos superficiais. Deve ser enraizada na cultura e nos valores de uma empresa.
À medida que as empresas reconhecem o valor da “humanização”, tornam cada vez mais provável que o conceito se alastre e, molde toda a cultura empresarial de uma região, de um país e do mundo. Afinal, a empatia e o respeito mútuo são princípios universais que transcendem qualquer tendência.
A “humanização” é uma abordagem que honra a humanidade e, é por isso, que não deve ser considerada uma moda, mas uma crença genuína que molda diariamente o futuro do mundo.