Lojas e marcas concorrentes lado-a-lado, aumentam as vendas de ambas. Como a Pepsi e a Coca-cola, o McDonald’s ou o Burger King.

Por vezes, lojas concorrentes lado-a-lado, aumentam as vendas a ambas

Pepsi ou Coca-cola, McDonald’s ou Burger King? Qual devo escolher? Com tanta escolha nem se sabe a qual ir.

Tempo de leitura: 10 minutos

A competição saudável e as estratégias das lojas "fast"

            A competição saudável entre empresas é uma parte essencial do comércio. No entanto, uma estratégia aparentemente contraintuitiva tem se mostrado eficaz para impulsionar as vendas de ambas as partes: colocar lojas e marcas concorrentes lado-a-lado. Esta é uma estratégia de eleição para lojas “fast”. 

A teoria da competição amigável

            A ideia de que lojas concorrentes próximas podem impulsionar as vendas de ambas as partes, é baseada na teoria da competição amigável. Este posicionamento desafiante impulsiona uma procura pela inovação por parte das empresas, tal como, pela melhoria da experiência do consumidor. Quando os consumidores têm acesso a várias opções semelhantes dentro da mesma área, tornam-se mais propensos a fazer compras na mesma. Esta competição desperta uma necessidade de comparação no consumidor e pode levar a vendas mais altas por parte de todos os envolvidos. E o exemplo disso, é um shopping.  

            A questão de um aluno de enfermagem do Politécnico de Leiria, posicionado junto ao Leiria Shopping, por exemplo, quando chega a hora de almoçar, deixa de ser – Apetece-te McDonald’s? – e passa a ser – Onde vamos hoje? Ao McDonald’s, ao Burger King ou à Pizza Hut? 

Atração de um público-alvo semelhante

            A presença de lojas concorrentes próximas entre elas, cria uma atração natural para os consumidores. Quando uma pessoa entra numa área comercial com várias opções, torna-se mais propensa a passar tempo a explorar estas lojas e a fazer compras. Isto aumenta a exposição às ofertas e aos produtos de todas as lojas aí presentes, resultando claro, em vendas adicionais – “já que estamos aqui, vemos já isto”. 

Preços competitivos, promoções e ofertas

            A competição direta entre lojas próximas também pode levar a preços mais competitivos. As lojas tornam-se mais propensas a oferecer promoções para atrair clientes, e isto beneficia o consumidor. Permitindo a obtenção de produtos a preços mais baixos. 

            Este é o conceito das lojas de fast-food, fast-fashion e outras, em que o objetivo passa por vender o máximo possível a um preço “baixo” e acessível para o consumidor. A realidade é, que esta ideia de “fast”, dotada de uma ilusão de menor preço, torna-se a longo prazo mais dispendiosa para o consumidor. O facto destas lojas oferecerem proximidade e conveniência, faz com que este, consuma mais vezes.

            Em 2023, por exemplo, um cidadão americano gastou em média mil e duzentos dólares por ano em fast-food. Isto significa uma verba de cem dólares por mês, o que totaliza um valor de doze mil dólares americanos em dez anos.

            Ora, setenta e três porcento dos portugueses entre os quinze e os quarenta e quatro anos – segundo o blog Marketeer da Sapo – consome fast-food. E cerca de cinquenta porcento da população portuguesa assume consumir fast-food, pelo menos, uma vez por mês. Sabemos ainda que o consumo deste tipo de alimentação aumentou mais de cinco porcento entre os mais jovens, em apenas doze meses. 

Complementaridade de produtos e serviços

            Em muitos casos, lojas concorrentes podem oferecer produtos complementares, o que significa que um consumidor que entra numa loja pode encontrar algo que o leve a visitar a loja do lado. Por exemplo, uma loja de eletrónica e uma loja de acessórios para dispositivos eletrónicos podem beneficiar uma da outra, já que os clientes podem comprar um dispositivo numa loja e, em seguida, encontrar acessórios necessários na loja adjacente. Tudo na mesma área comercial, tudo em minutos. 

Shoppings, centros comerciais e bombas de gasolina

            A estratégia de colocar lojas concorrentes lado a lado é comum em muitos cenários. Os “shoppings” alojam frequentemente várias lojas concorrentes, criando um ambiente propício para a competição e a comparação. Isto leva a uma experiência de compra mais rica para o consumidor. 

            Já nos centros comerciais de rua, é comum ver lojas do mesmo tipo próximas umas das outras – como restaurantes, cafeterias e lojas de roupa. A competição nestes cenários resulta muitas das vezes, num maior tráfego de clientes. Estes, almoçam no restaurante e fazem uma pausa durante o dia na cafeteria, por exemplo. 

            Postos de gasolina concorrentes são frequentemente instalados próximos uns dos outros, levando a preços mais competitivos e a uma maior concentração de consumidores. 

A colaboração na competição

            A estratégia de colocar lojas concorrentes lado-a-lado é um exemplo de como a competição pode ser amigável e mutuamente benéfica. A presença de lojas concorrentes próximas cria, muitas vezes, uma atmosfera de comparação e competição saudável que impulsiona as vendas de ambas as partes. 

            Embora possa parecer contraproducente, esta estratégia é uma demonstração de como a colaboração na competição pode ser benéfica para os negócios e para os consumidores. À medida que as lojas se esforçam para atrair clientes, a competição amigável lado-a-lado continua a ser uma tática eficaz para aumentar as vendas e criar uma experiência de compra mais dinâmica.