Um Mac, um Dell e um Lenovo - Rafael Pereira - Marketing e Audiovisuais

Num café vê um Mac, um Dell, e um Lenovo. É tudo Branding. 

Num café vê um Mac, um Dell, e um Lenovo. Um deles é de um criativo, os outros dois de quem trabalha com Excel. É tudo Branding.

Tempo de leitura: 10 minutos

Entram três amigos num Café: O Mac, o Dell e o Lenovo

          Num café movimentado entram três pessoas, cada uma com um portátil. Uma com um Mac, uma com um Dell e outra com um Lenovo. Imediatamente após se sentarem e receberem o pedido,  abrem o portátil e começam a utilizá-lo. 

          Você, que apenas foi beber um café, olha para estas pessoas e imagina o que cada uma delas faz profissionalmente. Assume então que a que tem um Mac deve trabalhar com algo relacionado com o design e as outras duas com programas de gestão e de cálculo. Mas isto não passa de uma ideia plantada no seu pensamento. No seu, e no de todos. É tudo Branding.  

Mac, o epítome da criatividade

          Os portáteis Mac, de design elegante e com um sistema operacional visual, são uma escolha comum entre artistas, designers e profissionais dos media. A presença de um Mac comunica uma mensagem de criatividade, inovação e estética. Por vezes, também de estatuto. Mas esta ideia de que um criativo apenas é verdadeiramente capaz de dar asas à sua força maior se utilizar um Mac, não é nada mais, do que uma premeditada reação a constantes campanhas de marketing  da sua marca mãe, a Apple. 

Somos racionais, mas apenas sobre algumas coisas

          Enquanto humanos, adoramos dizer que somos seres racionais. Mas esta ideia está muito longe de ser verdade.  

          Segundo os estudos mais conservadores, pelo menos metade das decisões que tomamos são feitas de forma completamente inconsciente. Alguns estudos demonstram até que a percentagem de irracionalidade sobre a nossa tomada de decisão pode mesmo chegar aos noventa porcento.

          Isto significa, que grande parte daquilo que fazemos na nossa rotina, é feita de forma inconsciente. 

          Enquanto humanos, não pensamos em cada respiração que damos. Também não decidimos de forma racional fazer bater o coração que bombeia o nosso sangue. E por vezes, colocamos a colher no lixo e o iogurte no lava-loiça. Falamos com alguém no carro enquanto continuamos a conduzir. E ouvimos música, cantamos e dançamos, porque sentimos que nos alegra.  Tudo isto, é inconsciente.

Branding é uma força invisível, que influencia o seu inconsciente

          Um estudo realizado pela universidade americana de Duke, na Carolina do Norte, partilha alguns factos surpreendentes.  

          Ao expor de forma aleatória e distinta, o logótipo da Apple e o logótipo da IBM, a dois grupos de pessoas – um grupo viu o logótipo da Apple e o outro grupo o da IBM – concluiu-se que, os participantes expostos ao logótipo da Apple obtiveram melhores resultados na realização de provas criativas. Em comparação, com o grupo exposto ao logótipo da IBM. 

          O argumento provém do facto, de que a Apple conta constantemente a mesma história, vezes sem conta, sobre pessoas “fixes”, divertidas, descontraídas e criativas que utilizam Apple.

          E este é apenas um exemplo do verdadeiro poder das marcas.

Identidade formada pelas marcas que escolhemos

          Quando decidimos escolher as marcas que nos representam, decidimos criar uma identidade. Ao vestirmos uma T-shirt, um casaco, ou, ao calçarmos determinados sapatos, ajudamos a que outras pessoas formem uma ideia sobre nós.

          Ao escolhermos utilizar Nike e não Adidas, escolhemos exprimir de forma diferente a nossa afiliação com o desporto. 

          A Nike significa performance e a Adidas expressionismo. 

          E ao escolher uma destas marcas, escolhe dizer o que é mais significativo para si e em que posição se encontra nesta fase da sua vida.  

          Quando o consumidor toma uma decisão em prol de uma marca, decide relaciona-se com a mesma como se fosse família, protegendo-a. Porque um ataque à marca, significa um ataque aos seus próprios valores. 

Starbucks e a sua capacidade para reter clientes

          Aqueles que nunca foram ao Starbucks, ou, que num entraram para simplesmente beber um expresso, demonstram ter uma opinião depreciativa para com a marca. Argumentos como – o café não presta – ou – é muito caro – são frequentemente utilizados para argumentar o desinteresse pela marca. 

          Mas para muitas pessoas, o Starbucks representa um espaço seguro. Algo muito mais relevante que apenas um simples café. 

          Ora, uma marca com um menu de bebidas açucaradas infinitas, cuja presença de café é quase imperceptível, não procura servir um amante gastronómico de café. O expresso de um café de estrada será provavelmente melhor do que o do Starbucks. 

          Mas sempre que vai de viagem para uma cidade capital encontra um Starbucks. Se está à espera de alguém e tem trabalho a realizar, vai para um Starbucks. Se espera pelo seu voo e o seu telemóvel precisa de carregar, vai a um Starbucks. 

          O Starbucks não é uma simples cafeteria. É um espaço de conforto e segurança. Um espaço para passar tempo. É por isso que se visitar um Starbucks em Lisboa verá programadores que preferem trabalhar remotamente num Starbucks do que no escritório. Ou, freelancers que aqui escolhem reunir com clientes, porque o seu escritório é em casa. 

O Mac é do/a criativo/a, o Dell do/a corporativo/a e o Lenovo de uma Start Up

          Este é apenas um exemplo, de como as marcas constroem narrativas distintas ao longo dos anos e se associam a diferentes públicos, com diferentes desejos e necessidades.  

          O branding vai muito além de um logotipo ou de um design. É uma mensagem em constante expressão. É uma experiência. Um estilo de vida. Uma questão de identidade.